sábado, 21 de maio de 2011

Tudo ao Contrário



Está tudo errado
Escreveram o livro ao contrário
Tiraram folhas que não deveriam
Pularam frases importantes para esta vida

Foi sempre assim
Nada veio por acaso
Todos foram obrigados a saber
Sem sentido algum fizeram amargurados

Foram levando como dava
Aguentaram toda rebeldia
Só prá agradar quem não conhecia
Mesmo sabendo destes prantos

Com o fim contado desde o início
Entre páginas cortadas e reviradas
Esta história nunca acaba

Foram as suplícas
Que levaram ao desamor
Ou o desamor que levaram às suplícas

Foi mimo ou meninice desvairada
Que levaram a chance
De mudar este passado

Talvez não devesse ter contado
Nem ao menos expressado
Este desejo de ser 
Tão feliz!

(Má)

domingo, 10 de abril de 2011

...

 As palavras correm sobre minhas pálpebras
São passageiras de uma cena de duas
Múrmuros da inquietude dos desejos
Provocando sede aos ouvidos secos

Nem toda satisfação traz um sonho realizado
Nem todo colo faz de mim eternidade
É incoerente ter estrelas sem noite
É impossível arrancar as formas de um sentimento
Concreto em nuvens

Mas sonhei dançando em suas notas
Recolhendo suas dúzias de lampejos
Eram dias de desassossego  
Deste ser totalizado

sábado, 3 de abril de 2010

Sem destino...

Aqueles dias de sol intenso e lua cheia na janela, entre as nuvens pequenas que passavam por ela, sentada na sua cama e cansada de esperar o tempo. Numa mistura fina de algo que te fazia lançar-se no futuro e alguma trava que te segurava. Quais desafios, riscos ou alegrias farão parte deste rumo, isso ninguém sabia, mas a curiosidade foi crescendo e como podia ela desvendar tal realidade? Foi então que iniciou uma viagem interna. Sem mapas para seguir, confiante em sua intuição, assim revelou-se a primeira descoberta. Mas que língua era aquela? Uma língua sem palavras, apenas sons a inebriava, deixando seu coração carregado, sua cabeça nos mais belos sonhos, nem seu corpo era tátil. Ao voar tão longe quanto à melodia te levava, deparou-se com os medos, dos mais esquecidos aos não revelados, fazendo-a titubear sobre a verdade. Percebendo-se autora de seu mundo decidiu arriscar o desconhecido, deixando de lado a incerteza, sendo movida pelo destino. Sem olhar para trás, que era para não fazer comparações insólitas, determinada em ser uma nova pessoa, fechou os olhos e esqueceu-se de quem era. O que ela não sabia, era que tudo que fosse novo só seria revelado a cada segundo de seu dia, nenhuma pista era antes revelada. Nesta metamorfose diária foi observando seu espaço, cheio de paisagens comuns e antigas. Era necessária uma mudança, uma radicalização de seus fatos, mas não poderia desfazer-se de seu acaso, apenas dependia de um novo olhar, modificar os significados de sua vista. E ela tão ingênua pensava não ter saída. De ser só neste universo, sempre fortaleceu sua teimosia, coletando tristezas e fugas, entre alegrias passageiras e encontros vitais. Mesmo que o tempo parecesse correr em demasia, foi o próprio tempo que te trouxe a alegria, porque sozinha ela já não conseguia. Com o fluxo da vida veio sua companhia, aquela que daria a possibilidade de rever seu futuro sem vê-lo. Que te ajudaria a sonhar sem limites, a mergulhar em si mesma e a encontrar a saída daquela velha vida. Sua companhia presenteava-lhe com seu ser independente e iluminado. Diante deste impulso, percebeu-se única e mais uma vez sozinha, mas desta vez a solitude era uma dádiva, afinal ela não entendia que até as melhores companhias têm em suas vidas o desafio de serem sós. E apenas sozinha ela pode conhecer seu destino.

Pensamentos de uma Transeunte

             Quanto mais luz entra, mais
  
o escuro se contesta. Sejam bolhas

de sabão zombando o tempo, ou
*
 faíscas do trilho do trem que sou.


domingo, 28 de março de 2010

Algo Novo

Foi aquele sorriso, entre ritmos e harmonias...
Suave como a pele macia
Foi tudo que podia,
o que dizia
Aquilo que na verdade berrava surdino
E só duas pessoas ouviam...

Naquela noite, onde tudo era permitido
Sem medo
Sem apego
E só a Lua refletia o som que elas ouviam

Foi de repente 
Feito estrela cadente caída ao meio-dia
Que o impossível parecia não ter sido convidado
Sem salto
Nem gato
Nem coxia
Foi de noite e foi de dia
Foi, foi e vinha

Uma luz tão penetrante, viva 
Tomou conta da notícia, que só elas recebiam
Era sim
Era com certeza Algo Novo 
Que nascia para aquele novo dia.

Percepção


Palavra boa
Resumo do sentir
Sentido dos sentidos
Sem sentido algum
Com vários sentidos diferentes

Gosto da percepção
Brincar com ela
Deixar ela brincar comigo
Diversão natural da vida

Vontade de descobri-la
Deixar ela me descobrir
Criar percepções nos outros
Deixar os outros perceberem