Aqueles dias de sol intenso e lua cheia na janela, entre as nuvens pequenas que passavam por ela, sentada na sua cama e cansada de esperar o tempo. Numa mistura fina de algo que te fazia lançar-se no futuro e alguma trava que te segurava. Quais desafios, riscos ou alegrias farão parte deste rumo, isso ninguém sabia, mas a curiosidade foi crescendo e como podia ela desvendar tal realidade? Foi então que iniciou uma viagem interna. Sem mapas para seguir, confiante em sua intuição, assim revelou-se a primeira descoberta. Mas que língua era aquela? Uma língua sem palavras, apenas sons a inebriava, deixando seu coração carregado, sua cabeça nos mais belos sonhos, nem seu corpo era tátil. Ao voar tão longe quanto à melodia te levava, deparou-se com os medos, dos mais esquecidos aos não revelados, fazendo-a titubear sobre a verdade. Percebendo-se autora de seu mundo decidiu arriscar o desconhecido, deixando de lado a incerteza, sendo movida pelo destino. Sem olhar para trás, que era para não fazer comparações insólitas, determinada em ser uma nova pessoa, fechou os olhos e esqueceu-se de quem era. O que ela não sabia, era que tudo que fosse novo só seria revelado a cada segundo de seu dia, nenhuma pista era antes revelada. Nesta metamorfose diária foi observando seu espaço, cheio de paisagens comuns e antigas. Era necessária uma mudança, uma radicalização de seus fatos, mas não poderia desfazer-se de seu acaso, apenas dependia de um novo olhar, modificar os significados de sua vista. E ela tão ingênua pensava não ter saída. De ser só neste universo, sempre fortaleceu sua teimosia, coletando tristezas e fugas, entre alegrias passageiras e encontros vitais. Mesmo que o tempo parecesse correr em demasia, foi o próprio tempo que te trouxe a alegria, porque sozinha ela já não conseguia. Com o fluxo da vida veio sua companhia, aquela que daria a possibilidade de rever seu futuro sem vê-lo. Que te ajudaria a sonhar sem limites, a mergulhar em si mesma e a encontrar a saída daquela velha vida. Sua companhia presenteava-lhe com seu ser independente e iluminado. Diante deste impulso, percebeu-se única e mais uma vez sozinha, mas desta vez a solitude era uma dádiva, afinal ela não entendia que até as melhores companhias têm em suas vidas o desafio de serem sós. E apenas sozinha ela pode conhecer seu destino.